ESPORTE COMUNITÁRIO

Iniciativa a preços populares faz parte do estímulo à autonomia dos clubes. Recursos arrecadados contribuem para a manutenção das piscinas  

Júlio Minasi - DEL/DAC


Nadar na Universidade de Brasília é mais que uma opção de lazer. Desde o início deste semestre, o Clube de Natação oferece aulas da modalidade, de segunda a sexta-feira, no Centro Olímpico (CO). As turmas têm capacidade para até 16 pessoas e estão disponíveis da adaptação até níveis de condicionamento mais avançados. As inscrições estão abertas para as comunidades interna e externa.

 

As aulas já estão disponíveis entre 12 e 14h. Até o fim do mês, as atividades também serão ofertadas entre 6 e 8h e das 18 às 20h. Cada sessão dura de 50 a 60 minutos. A mensalidade é de R$ 80 para dois treinos semanais e de R$95 para três treinos. Dez por cento das vagas são destinadas a bolsas integrais para pessoas atendidas pelos Programas de Assistência Estudantil da UnB.

 

Maria Eduarda diz que nadar tem impacto positivo nas rotinas de estudo

“Já usava a piscina quando estava disponível apenas para lazer, mas agora ficou bem melhor”, diz a mestranda em Geologia Maria Eduarda Ramos. Natural de Minas Gerais, a estudante nada desde criança e afirma que fazer atividade física tem impacto positivo nas suas rotinas, inclusive as de estudo. “É um momento para estravar. Era essencial que começássemos a aproveitar esse espaço”, avalia ela, que chegou a procurar aulas em academias, mas encontrou valores cerca de três vezes maiores que os praticados pelo Clube de Natação.

 

Iniciante, Paulo Henrique participa de cinco aulas por semana

Iniciante na natação, o estudante de Ciências Sociais Paulo Henrique Fonseca tem ido diariamente à piscina do CO. “Minha meta é aprender a nadar. O bom é que consigo vir aqui, sem precisar fazer grandes deslocamentos”, afirma ele, que classifica como “muito positiva a iniciativa de oferecer aulas por preços acessíveis”.

 

“Tínhamos um espaço ocioso, que agora está disponível para toda a comunidade”, diz o professor voluntário do Clube de Natação, Eduardo da Silva Barbosa.  “A vida acadêmica não é fácil. Praticar um esporte no campus agrega muito para melhorar essa rotina”, diz ele, que é graduado na Faculdade de Educação Física (FEF) e cursa especialização em Treinamento de Força e Musculação na mesma unidade.  

 

MODELO E GESTÃO DE RECURSOS – A iniciativa do Clube de Natação é estimulada pela Diretoria de Esporte e Lazer (DEL/DAC), que acompanha o trabalho dos clubes registrados. A agremiação da natação foi uma das primeiras do segmento a ter inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Dessa forma, pode atuar como entidade autônoma e oferecer atividades pagas para se viabilizar e ajudar a manter o funcionamento das estruturas.

 

Os custos operacionais, incluindo o pagamento de instrutores, devem consumir até 60% das receitas, conforme regulamentado pela DEL. O clube retém 20% para compra de equipamentos, despesas rotineiras e investimentos que julgar necessários. Os demais 20% são repassados ao Centro Olímpico por meio de guias de recolhimento e da compra de materiais para o funcionamento da piscina.

 

“Queremos atender a uma demanda reprimida pela prática esportiva e, ao mesmo tempo,  incentivar uma postura empreendedora dos clubes”, explica o diretor da DEL, Alexandre Rezende. “O Clube de Natação sai na frente e pode estimular os demais”, avalia o gestor, que é docente da FEF e coordena o Grupo de Estudo de Natação Especial (Genes).

 

Rezende vê o fortalecimento dos clubes como necessário para a expansão da oferta de modalidades e para fortalecimento da presença da UnB em competições universitárias. Em 2017, a instituição terminou na segunda colocação do Troféu Eficiência, concedido pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário.

 

EXPANSÃO – O professor Eduardo da Silva Barbosa diz que o desenvolvimento dos clubes “abre oportunidade para uma vivência prática da gestão”. Ele projeta o crescimento da agremiação de natação no segundo semestre, com o uso da piscina olímpica, de 50 metros. Hoje, as atividades são realizadas em parte das raias da piscina de 25 metros, que também abre para lazer.

 

Barbosa também pretende realizar ações a fim de atrair o interesse para a natação. “Queremos aproveitar a presença do César Cielo em Brasília, prevista para setembro ou outubro, e trazê-lo para uma apresentação aqui”, afirma.