Aproximando-se do Centro Internacional de Convenções do Brasil, vários ônibus desembarcam atletas dos mais diferentes biotipos, com sua credencial no pescoço e uniformes de todas as cores e emblemas de centenas de universidades de todos os pontos cardeais e colaterais do nosso País. Entro no hall, e depois de visualizar um grande letreiro com a sigla “JUBS 2022”, fico desnorteado: estímulos sensoriais vêm de todos os cantos, em uma cornucópia labiríntica.
Olho para o chão, uma bola está aos meus pés; vejo à frente: é um grupo de atletas jogando vôlei sentado. Entro no clima, devolvo de manchete. No palco, estudantes vibram: o telão acaba de mostrar um gol no futebol eletrônico. Norte ou sul, alguém está jogando alguma coisa: uma dupla de badminton improvisada, futmesa, pingue-pongue ou air hockey. O lúdico é lúcido. Enquanto numa direção passa um atleta com uma perna mecânica, na outra segue um grupo de rapazes de mãos dadas. Dois amigos de olhos vendados tentam se orientar com uma bola com guizo. Atletas aproveitam os serviços de fisioterapeutas ou de um cabeleireiro. Origens, sotaques, etnias, costumes diversos.
Duas quadras exibem o melhor do basquete e handebol, e ainda o estilo de dança do breaking, na sua estreia na maior competição universitária brasileira. Se aventurando pelos corredores, descobrimos mais das vinte e oito modalidades. Atletas são arremessadas para o alto no cheerleading. Cada ponto é disputado no tênis de mesa, e não muito distante reis são derrubados com um xeque-mate. Judocas e caratecas lutam com o coração pelo ippon. No skate, comunhão e duas categorias: street e mini ramp. Artigos científicos sobre esporte são defendidos na modalidade acadêmica.
O azul e verde da Universidade de Brasília se faz presente, inescapável. É a maior delegação dos JUBs 2022. Noventa e um atletas em dezesseis modalidades. Ouros no cheerleading e no skate, medalhas no CS: GO, FIFA, handebol feminino e xadrez. Classificações para o pináculo do esporte universitário ainda no acadêmico, atletismo, badminton, basquete feminino e masculino, judô, karatê, natação, taekwondo, tênis e tênis de mesa.
Para além dos números e das láureas, nos JUBs vivenciamos uma utopia. Uma realidade onde todos estão sob as mesmas regras dentro de quadra, com oportunidades iguais. Uma grande celebração da diversidade, em que aprendemos com os diferentes. O sonho de criança de ser feliz passando o dia com seu esporte preferido. A busca adulta pela máxima excelência no seu campo de atuação. Quem sabe nos ajudem a chegar lá, todos os gols, pontos e ippons, saltos, braçadas e corridas, acrobacias, golpes e manobras, saques, passes e arremessos!
(Cristiano Hoppe Navarro)
''Participar do JUBs foi uma ótima experiência, porque juntar a universidade com o skate, que é um brinquedo que me acompanha desde a pré-adolescência, acaba sendo um presente. Andar de skate nesse contexto é algo muito novo, porque essa prática sempre foi e continua sendo marginalizada. O skate tem uma essência periférica e isso também o diferencia das outras modalidades. Apesar de ter gostado bastante do evento e de todo o suporte que recebemos para participar, preciso dizer que as organizações que ficam responsáveis por essas e outras modalidades precisam ter um caráter ético. Ou seja, não dá mais para encontrar atitudes escancaradamente machistas, racistas e homofóbicas principalmente se tratando dos Jogos Universitários. O skate feminino sempre foi deixado de canto e os estímulos precisam ser bem intencionados. Agradeço a Universidade de Brasília por me proporcionar uma viagem dentro do meu próprio território, afinal, moro na Ceilândia, Brasília é outra esquema. Valeu!!!
Ana Caroline Santana de Lima, 23, da graduação em Letras, medalhou duas vezes pela UnB no skate
''Ser técnico do time de Cheerleading da UnB no JUBs foi uma experiência muito positiva, tivemos mais de 80 atletas inscritos na seletiva e tenho certeza que os atletas que foram selecionados deram o melhor de si para representar um esporte que hoje é tão praticado dentro da Universidade de Brasília. Foram treinos de muita intensidade em um curto período de tempo, mas conseguimos chegar em um ótimo resultado final e levar o melhor da UnB para dentro do tatame. Ficamos muito felizes com o apoio de toda torcida que estava lá e isso foi fundamental para que chegássemos ao nosso bicampeonato. Agora o foco é criar uma nova base forte pensando em campeonatos futuros.
Achilles Khaluf Soares, 25, graduado e mestre em Educação Física pela UnB, é o treinador da equipe bicampeã de cheerleading
Um pouco da cobertura pelo Instagram
Nossos principais resultados
→ Cheerleading: Ouro nas categorias Stunt Group e Coed 2 pela segunda vez
→ Skate: Ana Caroline Santana de Lima ouro no mini ramp e no street feminino, e Lais Rocha Melo prata no street
→ Futebol eletrônico: Carolina Castellano prata no feminino pela terceira vez e Luis Eduardo Miranda bronze no masculino
→ Counter Strike: Global Offensive: UnB Green Owls conquistaram a prata
→ Handebol feminino: a UnB amealhou o bronze da segunda divisão
→ Tênis: Laert Junior terminou em 7º lugar no individual masculino
→ Xadrez: Luiza de Oliveira Felix ficou em 4º lugar e Maria Vitoria Aguiar em 7º, levando a UnB ao vice na classificação por IES Feminino