Torneio de ultimate frisbee envolve ensino, pesquisa e extensão
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Quase 200 atletas se misturaram a dezenas de estudantes, professores e pesquisadores durante a II Taça Brasília de Ultimate Frisbee, realizada no último fim de semana no Centro Olímpico (CO) da Universidade de Brasília. A difusão da modalidade aliada ao desenvolvimento de atividades acadêmicas deu o tom do torneio, que reuniu nove equipes com integrantes de pelo menos seis unidades da federação e de atletas estrangeiros.
O evento contou com a mobilização dos 50 estudantes de Gestão de Eventos em Educação Física, Saúde e Lazer, disciplina obrigatória no bacharelado da Faculdade de Educação Física (FEF). Eles participaram da concepção do torneio à organização esportiva e à divulgação dos resultados. Matriculados em Prática Desportiva (PD) e participantes do Projeto de Extensão Strix, dedicado ao ultimate frisbee, também colocaram a mão na massa dentro e fora de campo.
Drones sobrevoaram os gramados do CO e marcaram a presença da pesquisa no torneio. O uso dos equipamentos faz parte de observações válidas para estudos desenvolvidos no Laboratório de Análise do Desenvolvimento Esportivo, vinculado à FEF. O viés empreendedor esteve presente com a Olé Júnior, empresa gerida por estudantes que apoiou o evento e coordenou as inscrições.
“Essa é uma ótima oportunidade de participar de todo o processo da organização de uma competição esportiva. Vimos esse torneio nascer em sala de aula”, diz o estudante Caio Quemel, matriculado na matéria de gestão esportiva, que atuou como fotógrafo na Taça Brasília.
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Nathália Lima estuda Geologia e conheceu o ultimate frisbee na PD. “É um esporte apaixonante e muito inclusivo. Você não precisa ser necessariamente um superatleta para competir. Cada um com sua característica pode contribuir”, avalia ela, que agora preside o clube estudantil da modalidade e empreende com a venda de discos e outros materiais esportivos para viabilizar os treinamentos do time.
O presidente da Olé Júnior, Mateus Vincentin, analisa que a presença da empresa dá mais agilidade para resolver questões burocráticas da organização. “Temos CNPJ próprio e mais autonomia para atuar”, diz. “Estarmos aqui é muito importante em termos de networking e para mostrar que fazemos um bom trabalho”.
COORDENAÇÃO – “Estou muito satisfeito com o resultado. Fico feliz por ver o envolvimento de todas essas pessoas para fazer o evento acontecer”, avalia o professor Américo Pierangeli, coordenador do torneio e responsável pela disciplina de gestão de eventos. “A gente vê aqui um trabalho forte de extensão e a capacitação de estudantes para outras iniciativas”, diz.
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À frente da matéria Prática Desportiva de frisbee e do Strix, o professor Felipe Costa informa que cerca de 10% dos estudantes que passam pela disciplina seguem no esporte. “Temos captado muitos jogadores a partir da PD. Muitos até já participaram de competições importantes, como o sul-americano em Buenos Aires”, diz.
Segundo ele, que teve o primeiro contato com a modalidade há seis anos, na Colômbia, o torneio na UnB contribui para dar visibilidade a um esporte em projeção. “Promover essa competição é muito importante. O ultimate frisbee já é reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional e pode fazer parte das olimpíadas de 2028”, afirma.
ATLETAS E RESULTADOS – O professor Felipe diz que uma das características do jogo é o fair play. Ele ressalta que não há árbitros em campo e que as marcações corretas são uma obrigação individual. “Temos o troféu Espírito de Jogo para valorizar isso”, explica. Nesse quesito, o time campeão foi o Ventopanas de Uberlândia (MG).
No resultado esportivo, o título ficou pela segunda vez com a equipe local Dragões, após vitória sobre Cusco Voador, do Rio Grande do Sul, no Golden Gol.
Mesmo sem conquistas na edição, a atleta e estudante da FEF Mariana Barros ficou satisfeita com o evento. “É legal receber um torneio desses, com tanta gente de fora. É uma chance para divulgar o esporte e atrair mais jogadores”, informa ela, que já havia praticado judô e futsal, antes de ter contato com o frisbee na disciplina de Prática Desportiva.
Morador do Rio de Janeiro, o atleta e engenheiro mecânico colombiano Freddy Osório veio a Brasília pela primeira vez em função do torneio. “Tem sido uma boa competição. Tem um valor simbólico por ocorrer em ambiente universitário”, avalia. Ele diz que a modalidade tem se tornado popular em seu país natal, onde a expansão do frisbee também se deu em espaços esportivos dos campi.
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